O início de um ano lectivo traz preocupações acrescidas aos encarregados de educação. São as despesas, a mudança de rotinas, o acompanhamento dos filhos na aprendizagem da matéria...e à medida que as faixas etárias variam, mudam também os problemas.
A principal queixa dos pais diz respeito aos gastos a efectuar. O OESTE ONLINE pegou no exemplo de uma criança que frequenta o 1º ciclo, para mostrar que mesmo nas idades mais jovens já há orçamentos elevados para as disponibilidades existentes.
Célia Vibaldo, 44 anos, consultora imobiliária nas Caldas da Rainha, tem dois filhos em idade escolar, com 9 e 16 anos, e defende que a educação “deveria ser gratuita, mas acontece o contrário, já que só na compra dos livros se ultrapassam as disponibilidades financeiras, sendo necessária uma grande ginástica”.
“É estranho que todos os anos os manuais escolares tenham de ser diferentes. Assim não podemos pedir a pessoas que nos emprestem. Será que as matérias mudam assim tanto de um ano para o outro?”, interroga a encarregada de educação.
“Durante o ano lectivo a escola não fornece nenhum tipo de material, tendo tudo que ser custeado pelos pais”, lamenta. “Muitas vezes temos que cortar noutro tipo de despesas para poder fazer face às exigências escolares”, acrescenta.
Só nos gastos com Carolina, que entrou para o 4º ano do 1º ciclo, Célia fez um orçamento de mais de 200 euros para o início do ano. “Foram 47 euros em livros e mais 40 em cadernos, dossiês, marcadores, lápis de cor, borrachas, réguas, compassos e outro material escolar. Mas não se comprou tudo porque a professora ainda vai dar uma lista. Até duas resmas de folhas A4 vai levar para as fotocópias. Nem isso as escolas fornecem”, descreve.
Fato de treino e sapatilhas para educação física e equipamento para natação “roubam” a maior fatia do orçamento – 130 euros.
Como Carolina tem horário duplo – de manhã e de tarde – vai almoçar na escola, o que implica mais uma despesa – cerca de 25 euros por mês.
E a menina gosta da comida? “Mais ou menos, às vezes fazem a comida igual e que não presta”, confessa a própria Carolina.
As preocupações de Célia não se ficam por aqui. “Ao longo do ano vão aparecendo mais despesas. Se fizerem um passeio ou forem ao cinema pedem dinheiro”, indica.
Com tantos gastos, a consultora imobiliária, que é apoiada pelo pai de Carolina, apesar de não viverem juntos, dispensa pagar um ATL para actividades extra-curriculares. O problema de onde deixá-la depois das aulas é resolvido pelos avós, em cuja casa fica até Célia acabar o horário de trabalho.
A encarregada de educação admite que “após um longo dia de trabalho, torna-se difícil ajudar a resolver dúvidas sobre a matéria, mas como ela é uma aluna muito boa facilita a tarefa”. De qualquer forma, “este ano estava a pensar pô-la a ter explicações de matemática, porque é preciso prepará-la para os anos futuros”. Mas se Carolina tiver más notas, a mãe não pensa em dar-lhe castigos radicais. “Não é de excluir a proibição de utilização das diversões mais desejadas, mas o castigo tem de ser medido e uma conversa pode ser o suficiente”, aponta.
A Gripe A é outra preocupação. “Uma simples constipação é preocupante, muito mais será uma doença mais grave. Mas resta esperar que a escola esteja preparada para dar acompanhamento aos casos que acontecerem”, afirma.
Só um aspecto neste regresso às aulas sossega Célia. “Acho que a minha filha fica bem entregue. Ela gosta da professora e da auxiliar e a escola, apesar de pequena, tem boas condições”, reconhece.
in Oeste Online